quinta-feira, 21 de março de 2013

Não sou daqui


"Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta Terra pode satisfazer.
A única explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo." C. S. Lewes 

Esta talvez seja a frase que traduz a minha essência individual; que anteriormente me intrigava e despertava curiosidade, mas que agora saciado e esclarecido me faz cada dia mais querer esse amor que satisfez meu coração.
Nascido e criado no evangelho, eu sempre conheci a Palavra de Deus e nela fui orientado por meus pais, entretanto, a simples religião com seu código de conduta ético e moral, e suas muitas regras não foram o suficiente para cativar meu coração nem manter-me no cabresto da instituição igreja. Por isso, na minha adolescência acabei desviando os meus passos e me perdi em meio a devaneios filosóficos, rebeldia infundada e, sobre tudo, nos prazeres mundanos.
Enquanto arriscava o destino de minha alma, me auto-denominando um “sem religião”, tentava me afastar de Deus, no entanto, sempre existiu em meu coração uma chama e um fascínio por tudo o que pode se chamar de sobrenatural e embora eu tentasse refutar em meu coração as idéias tão gravadas e impregnadas por meus pais, algo me detinha na convicção de que o mundo espiritual existe e é mais real do que qualquer coisa, ao passo que me despertava atenção a tudo o que não possui explicação lógica ou cientifica. O fato é que o sobrenatural sempre me atraiu, como que me chamando à realidade indiscutível e inevitável de que eu não sou daqui e que havia uma necessidade de voltar ao lar.
Por um tempo desenvolvi interesse por leitura espírita e gnóstica e depois até por astrologia, todavia o Espírito de Deus sempre me constrangia e me dizia que aquilo tudo era engano e vaidade. Houve um momento então, em que decidi entregar verdadeiramente meu coração a Cristo e ele fez em mim morada, mudando minha história e dando sentido à minha existência.
A partir dessa ocasião entreguei-me ao Senhor com toda a intensidade de meu coração e passei a buscar a Deus em oração querendo sempre o mais que acreditava estar reservado somente àqueles que se esmeram em adorá-LO incansavelmente. Dediquei-me a leitura e estudo bíblico e entendi que o que sempre me fascinou era o desejo de conhecer os mistérios do mundo vindouro, mas que antigamente eu não poderia, pois o homem natural não compreende as coisas do Espírito.
Hoje como pastor, como ministro na casa do Senhor entendo a necessidade que sempre existiu em meu coração, por isso, continuo dedicado ao estudo da Palavra e à oração, pois creio que esse é o princípio vital do cristão. O amor de Cristo transformou meu coração e me fez não somente santo e justo como também um agente de transformação neste mundo.
Essa transformação vai além da minha vida e experiência particular com o Espírito Santo e Seu poder, se estendendo até o meu padrão de observação e convivência social, pois acredito que nossa espiritualidade deve ir além dos momentos de oração e busca de poder para a vida cotidiana.
Vivo crendo que o Espírito de Deus está em mim e me orienta em todas as coisas, desde as mais pequeninas, acreditando em todos os momentos que desempenho papel crucial, natural e espiritualmente nesta Terra, na consciência de que não sou daqui, pois fui colocado neste mundo como embaixador de um reino sobrenatural e eterno, por isso, vivo buscando agradar o Pai de amor que entregou o seu próprio filho por mim, vivo, existo e me movo sendo Dele, por Ele e para Ele.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Lei X Graça e o imaginário cristão em 'Os Miseráveis'.


Olá amigos,


Havia alguns dias que não postávamos nenhum artigo aqui, por isso, resolvemos então produzir este que é de autoria compartilhada, ou seja, Sami e Nanda são quem vos escrevem dessa vez.
Semana passada, fomos ao cinema assistir a um filme que criara em nossos corações muita expectativa, pois já havia ganhado algumas estatuetas do OSCAR. O filme “Les Misérables” (Os miseráveis) que leva o mesmo título da obra no qual é inspirado, é uma das principais escritas pelo francês Victor Hugo, publicada em 3 de abril de 1862 em Paris.


A adaptação para as telonas contou com direção de Tom Hooper e é estrelado por Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway e Amanda Seyfried.
Logo de início, o “longa” mostra a que veio e já começa emocionar até ao mais duro coração (quanto mais aos derretidos Pr. Sami e Pra. Nanda).
O filme tem como pano de fundo o cenário de miséria e opressão social da Revolução Francesa, porém, não se propõe a revelar apenas o sofrimento dos europeus durante a desumana guerra civil, mas trás também uma discussão muito poética a respeito da lei, da graça, e sobre tudo, do amor de Deus. Não somente pelo fato de que durante o filme podemos ver os personagens orando ou pedindo algo a Deus, mas porque o filme inteiro é uma aula gratuita e bela sobre a graça redentora de Jesus Cristo em paradoxo com a lei que mata, escraviza.
O enredo gira em torno de Jean Valjean, um “miserável” que por roubar um pão para alimentar seu sobrinho que estava morrendo de fome é detido e passa anos em uma prisão cruel sendo torturado e submetido a trabalho escravo pelo inspetor Javert, responsável por fazer cumprir a lei naquele lugar.
Quando a liberdade condicional de Jean Valjean é concedida, ele procura trabalho e um lugar para repousar, mas só encontra portas fechadas. Uma noite, cansado dos maus tratos e maldade da sociedade parisiense ele vai dormir em um cemitério, quando um padre o acorda e o convida para entrar em sua casa. Na casa do padre, Jean é alimentado, toma um bom banho, ganha roupas novas e uma cama quentinha, mas de madrugada ele se levanta apressadamente, rouba toda a prataria do padre e vai embora. Logo ele é preso e os guardas o entregam ao padre, que pede para o soltarem alegando que a prataria era um presente ao seu tão ilustre convidado.
Neste momento, Jean é liberto da lei e conhece a graça, o favor imerecido. Através do amor daquele padre ele conhece a Deus e Seu imenso amor! Depois disso, ele não consegue mais viver do jeito que vivia, pois o amor que o alcançou foi de tal forma, constrangedor e gracioso, que ele já não podia mais viver uma vida de egoísmo e ingratidão.
O padre libera Jean, que vai embora e constrói uma nova vida, amando ao seu próximo e ajudando muitas pessoas. Mas o inspetor Javert não o esquece. Anos depois eles se encontram e o inspetor reconhece Jean, seu prisioneiro que nunca mais se apresentou à polícia.
Começa então uma caçada implacável da parte do inspetor que quer cumprir a lei custe o que custar prendendo Jean. Algumas músicas cantadas pelo inspetor revelam o pensamento de quem vive debaixo da lei. Ele se autodenomina, a lei, e diz que seu dever é punir a todos os infratores da lei de Deus!
O filme se desenrola e Jean por muitas vezes tem a oportunidade de matar Javert, mas ele o liberta todas as vezes. Em um diálogo interessante, Jean está com uma faca para matar Javert, mas ele o liberta, então o policial diz que nada do que Jean faça vai impedi-lo de prendê-lo e o acusa de ladrão e fora da lei alegando que Jean quer comprar sua liberdade, ao que este lhe responde dizendo que não o poupou da morte como barganha, mas como reflexo daquela bondade graciosa que um dia o salvou e o livrou da escravidão.
Ao se deparar com o amor incondicional e graça maravilhosa de Deus, Javert não consegue mais se encarar e percebe a miséria moral e espiritual em que vive, bem como a fraqueza do sistema que defende, todavia, sem aceitar a graça e sem entender o amor ele se mata, provando que a graça é o fim da lei.
O filme trata da temática, lei versus graça, de forma singular, trazendo-nos o entendimento de que o amor é superior a tudo, pois sim, o amor é a essência de Deus.
Quando vivemos debaixo desse amor que revela a graça divina somos transformados por ele de modo que não há como continuarmos no egocentrismo e no pecado, uma vez que fomos alcançados e transformados por esse amor. Tudo o que precisamos é deixar que o Amor entre em nossos corações e nos faça despenseiros e agentes da graça regeneradora de Cristo.
Portanto, fica aqui nossa sugestão de filme e nossa reflexão a respeito do imaginário cristão na obra Os miseráveis. Vale a pena conferir.
 
Deus os abençoe!
Pastores Sami e Nanda Castro.